O juiz Sérgio Moro liberou Mantega para cuidar da esposa |
Em seu despacho, Moro diz
considerar que Mantega não oferece riscos para a "colheita das
provas" procuradas pela operação e também considerou o fato de que Mantega
acompanhava sua mulher, que sofre de câncer e estava no hospital Albert
Einstein, em São Paulo, onde seria submetida a uma cirurgia.
Mantega foi preso pela PF na 34ª
fase da Operação Lava Jato na saída do hospital. "Considerando os fatos de
que as buscas nos endereços dos investigados já se iniciaram e que o
ex-ministro acompanhava o cônjuge no hospital e, se liberado, deve assim
continuar, reputo, no momento, esvaziados os riscos de interferência da
colheita das provas nesse momento", disse Moro no despacho.
A decisão de revogar a prisão
foi tomada pelo juiz sem consultar o MPF (Ministério Público Federal) ou a PF. Moro
diz que as autoridades responsáveis pela Lava Jato não sabiam que a mulher de
Mantega seria submetida a cirurgia nesta quinta-feira.
"Sem embargo da gravidade
dos fatos em apuração, noticiado que a prisão temporária foi efetivada na data
de hoje quando o ex-ministro acompanhava o cônjuge acometido de doença grave em
cirurgia. Tal fato era desconhecido da autoridade policial, MPF e deste juízo.
Segundo informações colhidas pela autoridade policial, o ato foi praticado com
toda a discrição, sem ingresso interno no hospital", afirmou Moro na
decisão.
Mantega estava em um hospital no
momento da detenção e foi alvo de um mandado de prisão temporária assinado por
Moro. A prisão feita no hospital foi alvo de forte repercussão entre petistas,
que criticam a falta de "humanidade" das circunstâncias. "Se
isso é verdade [que foi preso no centro cirúrgico do hospital], qualquer tese
de humanitarismo foi jogada no lixo porque o Guido é um homem que foi ministro
da Fazenda, que tem residência fixa. As pessoas poderiam tratá-lo como se trata
todo ser humano", disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Ele
não estava no centro cirúrgico [quando foi feita a abordagem]. Não houve
entrada no hospital, nem no centro cirúrgico", disse o delegado da PF
responsável pela operação, Igor Romário de Paula.
(Leandro Prazeres – UOL)